As minhas maiores inspirações na cozinha não são tiradas de livros de receitas ou vídeos sobre gastronomia, mas dos livros de contos de fadas.
É sonhando e imaginando pessoas e lugares nunca vistos antes que eu me permito me aventurar num mundo cheio de cores e sabores.
Foi lendo as fábulas nórdicas e imaginando as florestas misteriosas da Dinamarca que eu acabei criando a minha geleia de amora com zimbro e limão siciliano, que é marca registrada.
Albert Einstein dizia que "Se você quiser que seus filhos sejam inteligentes, leia contos de fadas a eles. Se quiser que sejam mais inteligentes, leia mais contos de fadas".
E é justamente com essa citação de uma das maiores mentes do século XX que essa compilação de contos celtas da Editora Wish, começa.
A edição de colecionador possui 24 contos, uma boa gramatura - que dá a sensação de um livro mais "encorpado" - e reflete um trabalho gráfico realmente muito atencioso.
A sessão inicial com os autores e o prefácio merece destaque por cumprir um papel muito importante na contextualização sobre as histórias que virão, uma vez que estas já sofreram grande miscigenação com o Cristianismo e possuem um sincretismo de valores religiosos e morais bastante interessantes com o da Britânia mística.
Contudo o ponto fraco da obra se dá ao fato de a tradução não ter conseguido criar um ritmo de leitura tão cativante e prazeroso quanto das edições de Contos Nórdicos também publicados pela Editora Wish.
Não é a primeira vez que eu vejo isso acontecer com uma publicação sobre contos celtas que é traduzida para o português, na verdade a maioria das obras de outras editoras refletem essa mesma dificuldade.
Tendo isso em vista, de todas as obras disponíveis no mercado nacional com essa proposta, eu considero essa uma das opções mais atraentes e notáveis.
Para mim os dois contos em destaque são “Os Animais Gratos” e “A Princesa Leve" que evocam com todo encanto ao mundo em sua forma mais lúdica e mágica.
Algumas pessoas podem ainda considerar os contos iniciais muito parecidos, soando de certa forma repetitivos e por isso achar a leitura um pouco cansativa. Isso acontece porque esses contos foram fomentados em ambientes muito parecidos, por povos com raízes similares - mas não idênticas - na tentativa de traduzir toda uma cultura de forma única, esquadrinhando hábitos e valores que por vezes vão tentar se firmar e reafirmar, cada um sob uma perspectiva regional.
O mesmo ocorre no CELTIC TALES da Kate Forrester (que eu considero a melhor edição já publicada de contos celtas, porém é preciso frisar que se trata de um livro em inglês que não possuí uma versão em português, por isso não deve ser comparado) que vai trazer esse acervo diverso e multicolorido da Irlanda, Escócia, Inglaterra e País de Gales.
Ou seja, OS MELHORES CONTOS DE FADAS CELTAS é sem dúvida alguma uma edição belíssima para quem deseja conhecer um pouco desse mundo encantador e cheio de mistérios da Britânia antiga.
FICHA TÉCNICA
Título: Os Melhores Contos de Fadas Celtas
Autores: Diversos
Editora: Wish
Páginas: 414
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